Trilha Mogi-Bertioga - Abril/2007

Convocação
Chamei muita gente, mais de 50 pessoas ficaram de ir. Muitos não adventistas, outros sem religião. Muitos desbravadores, lideres. Mas no final, apenas 14 pessoas foram.

Saída
Saimos de Santo André umas 18:30, num sábado a noite. E durante as quase 2 horas detrem até Mogi, muita conversa etc, especialmente com o Eliezer, pai do Eliezer (o filho). Um homem de Deus, o qual foi delecioso trocar idéias e coisas do tipo.

Em Mogi, houve um certo desencontro com o pessoal de São José dos Campos (A Flavia e seus amigos), aí uns telefones aqui ali, espera um pouco, e então nos encontramos, pegamos o onibus (alias, lotamos o onibus com nossas pessoas e mochilas). E foi muito bom, foi aquele tempo de introzação, porem, fora muito pouco tempo.

Inicio da caminhada
Chegamos lá no barzinho a beira da estrada, houve umas ultimas instruções. Fizemos uma oração rogando por proteção divina e a sua benção para a trilha e tudo mais. E então, já sendo umas 10 horas da noite, caminhamos 1h10min pela estrada, quando conversamos muito, falei bastante com a Flavia que há um tempão não conversava. E estava indo tudo muito bem.

Chegamos no local que é o inicio da trilha, fizemos uma parada, comemos um pouco, e então entramos na mata, e após uns 20min, chegamos ao riachinho. No qual atravessamos (alias, eu estava sendo o guia, e percebi que já fazia um tempo que ninguem ia ali, pela quantidade de teias de aranha que eu engolia.) e então em frente, preparamos a clareira, ajustamos as redes e os demais para dormir, fizemos uma fogueira que foi um pouco dificil de acender. E então houve um dos momentos mais especiais.

Fogo do Conselho
Fizemos uma rodinha ali em volta da fogueira, debaixo de estrelas, o som noturno da natureza e do calmo riachinho com suas aguas escorando as pedras, ao nosso lado. Começamos a cantar, era quase 1 hora da madrugada. Oramos, depois fiz uma breve pregação, inspirado no livro O Retorno da Glória, quando fala da história de Israel em que enviara os espias para avistar a Terra Prometida, fiz aquele apelo, e depois orei e orei, pedidos de oração e coisas do tipo, e então mais oração. E foi um momento muito bom, especial mesmo. Incrivel, em que certamente pode-se perceber que o Espirito do Senhor estava entre nós.

Uma noite de sono bem acordado
Então fomos dormir. O Elton ficou de fazer o primeiro turno da vigia, mas logo dormira. E eu, na minha rede e saco de dormir, confeço que não consegui. Não era por medo. Não era por sons desconhecidos. Mas era uma mente inquieta, que queria ir até as pedras ali no riacho, e clamar a Deus, conversar com anjos, enfim, ter aquela noite. E incrivelmente todo o pessoal começou a dormir. E eu lá deitado pensando. Até que fui impressionado por uns sons estranhos que parecia rugido, e eu sabia que haviam - poucas - onças na Serra do Mar, e ouvi um barulho de água atrás, perto da barraca do Eliezer, e pensei: "Será? Uma onça?". Orei a Deus. Peguei a minha lanterna, e comecei a investigar, mas nada encontrará, mas o barulho aparecia de vez em quando. Então foi quando percebi que era o Gustavo que roncava. E um pouco depois, o pedrão acordou com um rato que estava entrando no calçado do Robert que estava secando no calor das brazas. E ai, aos poucos começaram a acordar. Ai a Neide acordou pois algo havia nos pés dela, então fui ver, e ali, matei uma caranguejeira (aranha um pouco venenosa). Ai o pessoal que estava dormindo no chão praticamente acordaram todos, menos o Gustavo. E assim, então ficamos a noite conversando etc, até umas 6 horas, quando acordei a todos.

- Acorda. (com aquela voz, para não acordar ninguem no susto). Arrumamos as coisas, então o Eliezer (pai) fez o culto matinal ali, e foi muito bom também.

O imprevisto: Um grande desafio
Então, algo aconteceu. Simplesmente, algo incomum. Estava com algum problema digestivo. Não conseguia comer nada, com vontade de vomitar, alias, soltei um belo barro no matinho. hehe Mas o mal estar continuava, e me sentia bem fraco, desidratado. Mas bastava, minha lingua sentir o sabor da granola que surgia o problema, e a ansia. Ai, pedi licença, fui até um local mais escondido, e pensei: "Será que algo está me fazendo mal?" E então, forcei para vomitar logo de uma vez. Vomitei e vomitei, mas não havia nada. E a coisa continuava, apenas conseguia beber água numa boa. E então comecei a pensar: "Será que não vai dar para eu guiar o pessoal? Estou fraco. Minha mochila está pesada. A caminhada é dura, principalmente a subida. Eu vou deixar o pessoal não mão. ..."

Decisão de ir até o fimEntão, roguei a Deus e disse: "Tu nos conduziu até aqui. Deu-nos uma maravilhosa e inesquecivel noite, tudo o que houve até aqui já fora maravilhoso Senhor. É até aqui que o Senhor quer? Combinei com eles que os levaria até a cachoeira. Alguns ali precisam testemunhar da sua maravilhosa natureza." - Então, aconteceu aquilo, que era já comum que acontecia antes de entrar na USP, antes da "aridez", mas que desde então não havia ouvido mais. Que é aquela "voz" na mente, que não sei explicar direito, mas que é algo incrivel e maravilhoso. Que me dizia assim: "O que você disse?" E então, minha memória, lembrou-se daquele momento que eu estava pregando ali na fogueira horas antes, na verdade, foi como se estivesse passando um "video" na minha mente, e senti fortemente aquelas palavras de Calebe: "Subamos até lá e vamos conquistar." Não importa se há gigantes. Deus havia-a prometida, tinha dado Sua bênção. Então eu entendi o recado, e disse: "Senhor, tomarei a minha mochila e os levarei até a cachoeira."

Descendo a serra
Voltei para o grupo, que acho que alguns já estavam meio pensando: "O que aconteceu com o Evandro? Cade ele?" E começamos a caminhada. E logo, tive que pedir ajuda para o Davis, para ele carregar minha polchete. Lá para uns 75% da descida, minhas pernas estavam tremulas, o enjoo continuava, eu sentia aquela fraqueza, mas ao mesmo tempo, estava cheio de energias (engraçado), alias, aquele AR PURO faz uma diferença, que não dá para explicar. Mas estava um pouco melhor, tentei comer algo, mas não dava, eu apenas vomitaria, assim que eu colocava na boca... E um pouco mais a frente, tive que pedir pro Davis levar as minhas cordas. E já a a uns 150 metros do rio, já no pé da serra, disse para o Davis ir a frente, limpando o caminho etc, e eu apenas ia orientando para onde ele ir etc.

Na cachoeira
Até que chagamos nas pedras, e assim fomos até a cachoeira. Aquela cena majestosa, aquela imagem que não há artista que consiga pintar, ou mente alguma inventar. Aquele som glorioso das fortes águas. E foi uma realização indescritivel, quando cheguei ali, meu coração pulava de alegria e louvava a Deus. E melhor ainda era quando podia ver o "rosto" daquelas 13 pessoas que havia guiado até ali.

Por incrivel que pareça, fui novamente no banheiro. E tals. Então dei um tempo de 2horas para o pessoal se relaxar , divertir etc. Tomar banho de cachoeira, daquele chuveiro natural. A hidromassagem natural etc. E aquilo estava delicioso demais. Maravilhoso mesmo. E encontrei uma clareira ali perto perfeita para acampar, cabe até umas 5 barracas e olha lá, e já comecei a pensar. Agradeci a Deus.

Eu já me sentia perfeitamente bem, com as forças restauradas, cheio de energias - o que uma hidroterapia geladinha não faz?. Mas eu não conseguia comer NADA. A ultima coisa que havia comido, foi quando estavamos começando a trilha na noite anterior, ao lado da estrada, quando comi uns biscoitos de fibra, sim além de uns remédios para garganta (será que foi isso?).

Hora de subir
Então lá para uma hora da tarde, ou um pouco mais, começamos a subir a serra. E foi um momento incrivel onde muitos enfrentaram seus limites como humanos, perceberam que seus corpos podem suportar muito mais do que imaginavam. Sentiram o que é estar esgotado, e ter muita coisa pela frente. Aqueles desafios etc. Mas o mais incrivel era que eu não sentia NEM UM PINGO de cansaço e coisas do tipo, pelo contrário, era como se a cada momento eu estivesse mais forte e com mais energia.

Enquanto isso, houveram muitas conversas, coisas que não dá para falar aqui, apenas na hora e que ficaram marcadas em nossas vidas. Amizades que se fotaleceram etc. A confiança que aumentava cada vez mais, principalmente, em que, a cada instante mais necessitava dEle. Tivemos que parar muitas vezes, alguns estavão exautos, não aguentavam subir nem 5m e já pediam para parar mais 15min. Outros não aguentavam de modo algum sua mochila. Alguns estavam tendo caimbras. Outros literalmente deitavam de exaustos no chão. Outros até mesmo parecia que desmaiariam.

No topo da montanha
Terminamos de subir. Ai tivemos que andar de novo na estrada, muitos estavam esgotados. E foi quando que apareceu uma guincho na estrada e nos ofereceu carona. Foi uma carona emocionante, pois simplesmente não tinha onde muito se apoiar na caçamba desprotegida, e o cara "correu", em algumas curvas quase eramos arremeçados para fora, tivemos realmente de "lutar segurando no que podia para não cair". E então chegamos ao bar onde tivemos que esperar até as 5:20 da tarde o onibus que nos levaria a estação de trem de Mogi das Cruzes. E nisso, muitas conversas, foi praticamente o momento em que nos relembravamos da trilha, fazia aquela retrospectiva, analises, saboreava tudo, até mesmo as dores eram boas. As cicatrizes tornava-se orgulho. Sentia uma satisfação de todos por superarem seus limites, ou de perceber que poderiam ir além do que acreditavam.

Ai no onibus praticamente todos dormiram, em alguns momentos apenas eu ficara acordado. Ai pegamos o trem, nos separamos do grupo que iria para São José. E no trem muitas conversas, o melhor de tudo foram as observações do Eliezer sobre a trilha, na questão espiritual etc. E todos por fim disseram: "TEMOS QUE MARCAR DE NOVO!!! Quando será a próxima?"


E por incrivel que pareça, exatamente quando terminamos a trilha e chegamos na estrada, "num passe de mágica" aqueles meus problemas sumiram. E eu voltei a comer tranquilamente como se nada houvesse acontecido. Não fiquei NADA CANSADO. Alias, cheguei em casa, e fui dormir quase meia-noite, e no dia seguinte, não tive problemas com acido latico nenhum, apenas sentia um pouco de dor no triceps do braço direito quando fazia força (provavelmente, devido a ter que ficar "levando a mochila"), mas que até o final da tarde estava 100%.


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